É inegável o impacto negativo do tabagismo sobre a população. O fumo é considerado uma causa de morte evitável e para combater esse vício, governos buscam soluções eficazes no médio e longo prazo.
A Nova Zelândia é hoje um grande exemplo de combate ao tabagismo, com base em um planejamento de longo prazo para a proibição do fumo. Uma nova legislação no país prevê aumento progressivo da idade legal para adquirir tabaco, fazendo com que nascidos após 2008 jamais tenham acesso legal nesse momento.
Em entrevista coletiva à imprensa, a ministra associada da saúde, a Dra. Ayesha Verrall, afirmou que “fumar ainda é a principal causa de morte evitável na Nova Zelândia, sendo o causador de um em cada quatro diagnósticos de câncer”.
Não é de hoje que o país busca afastar sua população do tabagismo. O plano é que a nação se torne “smoke-free” (sem fumar, em tradução literal) e ao longo dos anos novas medidas vêm sendo adotadas para alcançar o objetivo até 2025.
Em 2017, por exemplo, o cigarro eletrônico foi liberado naquela nação com o objetivo de prestar assistência àqueles que desejam diminuir o consumo de tabaco. Hoje, segundo dados do governo neozelandês, 13,4% de sua população adulta é classificada como fumante, o que representa uma queda de 18,2% em comparação ao biênio 2011-2012.
Para apoiar esse movimento, pesquisadores analisaram a inclusão do vape no processo de recuperação daqueles que desejam parar de fumar cigarro. Um estudo publicado pelo Harm Reduction Journal apontou que os cigarros eletrônicos podem ter um papel a desempenhar na redução dos danos à saúde relacionados ao tabagismo1. Um apoio que não se resume a tentativas de cessar esse hábito, mas também à abstinência no longo prazo.
O estudo explorou padrões de uso e experiências relatadas de vapers que buscavam parar de fumar usando o cigarro eletrônico. A conclusão é de que o vape pode ser uma inovação voltada à redução de danos e que ajuda a prevenir a recaída ao tabagismo. Além disso, aponta o levantamento, os cigarros eletrônicos atendem às necessidades de boa parte de ex-fumantes, substituindo aspectos físicos, psicológicos, sociais, culturais e identitários da dependência do tabaco.
A Inglaterra é outro país que apresenta forte luta antitabagista e vem construindo medidas para extinguir o uso de cigarros até 2030. Em 2021, a MHRA (Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos para Saúde do Reino Unido, na sigla em inglês) incluiu o licenciamento para venda e distribuição de cigarros eletrônicos em toda a Grã-Bretanha como medida de combate ao tabagismo4.
Segundo a série de relatórios independentes encomendados pela Public Health England (PHE), que tem como objetivo reunir evidências sobre o vape e moldar políticas e regulamentos, esse produto se tornou a alternativa mais popular entre pessoas que querem parar de fumar5.
Em 2020, 27,2% dos britânicos usaram o vape como uma tentativa de parar de fumar. Os dados, extraídos de uma pesquisa que abrangeu os 12 meses anteriores, mostram que esse percentual está acima de outras alternativas – já que 15,5% usaram TSN (terapêutica de substituição da nicotina) sem receita ou com prescrição e 4,4% usaram tartarato de vareniclina.
De acordo com esses relatórios da PHE, o vape é considerado um sucesso positivo para aqueles que desejam parar de fumar. Em 2017, mais de 50.000 pessoas pararam de fumar com o apoio de um produto associado ao vaping – de modo que, caso elas não tivessem acesso a essa alternativa, teriam mantido o hábito.
Já entre abril de 2019 e março de 2020, os relatórios apontaram que as taxas mais altas de abandono do fumo (74%) foram observadas quando a tentativa de parar envolveu pessoas que usaram um medicamento licenciado junto com o vape. O percentual foi de 59,7% entre os que usaram somente o vape. O fato é que as taxas de abandono envolvendo esse produto foram mais altas do que qualquer outro método adotado em todas as regiões da Inglaterra.
Como apontam os mesmos relatórios, é muito importante que os fumantes adultos tenham acesso a uma ampla variedade de auxílios para largar o tabagismo. Países que adotaram a liberação dos cigarros eletrônicos como política pública, de forma coordenada e colaborativa com a indústria, constatam cada vez mais a sua importância na luta antitabagista e enxergam o vape como um auxílio positivo no processo de corte do cigarro.
Vale dizer, contudo, que iniciativas como essas não se encerram com a regulamentação. Pesquisadores seguem acompanhando de perto os benefícios das alternativas ao cigarro tradicional de nicotina, auxiliando governos com análises pós-liberação e a mensuração dos impactos positivos sobre a população no longo prazo.
Fontes:
- Caitlin Notley, Emma Ward, Lynne Dawkins & Richard Holland: “The unique contribution of e-cigarettes for tobacco harm reduction in supporting smoking relapse prevention”
https://harmreductionjournal.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12954-018-0237-7
- CNN Brasil: “Nova Zelândia planeja proibir tabaco para próximas gerações”
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/nova-zelandia-planeja-proibir-tabaco-para-proximas-geracoes/
- Stuff: “Government legalises e-cigarettes in effort to make New Zealand smokefree by 2025”
https://www.stuff.co.nz/national/politics/90962129/government-legalises-ecigarettes-in-effort-to-make-new-zealand-smokefree-by-2025
- Poder 360: “Reino Unido orienta uso de cigarros eletrônicos como alternativa ao tabagismo”
https://www.poder360.com.br/internacional/reino-unido-orienta-uso-de-cigarros-eletronicos-como-alternativa-ao-tabagismo/
- Gov UK, Public Health England: “Vaping in England: 2021 evidence update summary”
https://www.gov.uk/government/publications/vaping-in-england-evidence-update-february-2021/vaping-in-england-2021-evidence-update-summary