Vaporizadores, também conhecidos por cigarros eletrônicos, foram inventados em 2003 por um engenheiro e farmacêutico Chinês chamado Hon Lik, como alternativa aos cigarros comuns, na tentativa de consumir nicotina através da vaporização, uma forma muito menos prejudicial quando comparada à combustão presente nos cigarros convencionais.
De lá pra cá muitas mudanças tecnológicas ocorreram e temos uma grande variedade de categorias e modelos de produtos, o que pode confundir novos consumidores e oferecer um desafio aos fumantes que desejam fazer a troca dos cigarros convencionais para os eletrônicos, ficando perdidos entre tantas escolhas e até se frustrando com o primeiro contato, já que alguns modelos possuem uma natureza muito diferente do ato de fumar e podem não oferecer uma experiência satisfatória e de sucesso.
O consumidor brasileiro possui uma dificuldade ainda maior, pois é dependente de um mercado 100% ilegal, com uma legislação proibitiva que já se provou ineficaz, permitindo a oferta de produtos sem qualquer garantia de qualidade em um ambiente saturado de produtos falsos, além da grande falta de informação sobre o assunto, onde muitas vezes o consumidor adquire um produto inadequado para suas necessidades, quando o vendedor também carece de conhecimento sobre o produto que vende.
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Raio-x de um vaporizador
Apesar de existirem modelos extremamente diferentes, todos funcionam da mesma forma.
Nomeando os itens necessários para um cigarro eletrônico funcionar, temos: uma fonte de energia (bateria interna ou pilha), o atomizador ou cartucho (dentro há uma bobina de metal com um algodão, além de reservatório e bocal) e o líquido que será consumido.
Apesar de todos funcionarem da mesma forma, a experiência é bastante diferente entre modelos, sendo definida por 4 fatores principais, alguns que possuem relações entre si: o design (tamanho, peso, ergonomia), a potência (aerosol mais quente ou frio), o tipo de tragada (mais aberta ou fechada) e a concentração de nicotina do líquido (mais próximo ou mais distante do cigarro).
Apesar disso, o mercado pode ser dividido em dois tipos diferentes de tragadas, o que define o resto da experiência: a tragada aberta e direta e a tragada fechada e indireta.
Temos neste link um vídeo que fala sobre os tipos de tragada no vaping.
Tragada fechada, indireta ou MTL – Boca Para o Pulmão
O primeiro tipo de tragada é a forma original que o inventor dos vaporizadores planejou para os produtos, chamada de MTL – Mouth To Lung ou Boca Para o Pulmão, é igual aquela usada no ato de fumar.
É composta por uma tragada em dois tempos, primeiro puxa-se o aerosol do vaporizador para a boca e depois inala-se para os pulmões, exalando após a tragada, da mesma forma que um fumante faz com um cigarro normal.
Para conseguir realizar essa tragada, é preciso de um aparelho que apresente um fluxo de ar fechado ou restrito.
Pod Systems ou Sistemas de Cartuchos
Os chamados Pod System ou Sistemas de Cartucho são feitos especialmente para isso, imitando de forma bastante familiar os cigarros. São produtos relativamente simples, cujos únicos processos necessários ao consumidor são o de carregamento de energia em porta USB e o preenchimento do cartucho com líquido. No caso dos descartáveis, apenas alguns modelos permitem e necessitam de carregamento da bateria. Praticamente todos permitem acionamento somente ao puxar para tragar, porém alguns oferecem botões que também acionam o produto.
Modelos de Pod System
- Recarregáveis: Aparelhos de bateria interna recarregável por porta USB, com cartuchos que permitem o carregamento de líquido por um período variável de 10 a 20 dias em média, dependendo do consumo. Após esse tempo é preciso trocar o cartucho, mas o aparelho é mantido por prazo indeterminado, cuja vida útil só depende do cuidado com o produto;
- Descartáveis NÃO recarregáveis: Produtos destinados a um uso único, com até 1500 tragadas máximas em média. Infelizmente muitos consumidores sem saber dos riscos acabam tentando carregar estes modelos, ao fazer soluções improvisadas que trazem risco de acidentes e até explosões. Este tipo de prática já foi identificada principalmente em mídias sociais como Instagram e TikTok, geralmente por jovens que conseguem estes produtos no mercado ilegal, que sem controle ou fiscalização eficaz, permite a compra por não fumantes e até menores de idade, além da falta de informação dos vendedores que não oferecem as dicas necessárias sobre uso adequado e segurança;
- Descartáveis recarregáveis: com normalmente mais de 1500 tragadas máximas, possuem porta USB para recarregamento, pois seu reservatório de líquido é maior do que a capacidade que a bateria interna oferece para consumo de todo o líquido em apenas uma carga. São destinados a ser recarregados uma ou duas vezes, somente até o líquido ser totalmente consumido, para depois ser descartado.
É importante lembrar que os sistemas de Pods descartáveis oferecem um potencial problema ao meio ambiente, pois são compostos por produtos não biodegradáveis, especialmente os circuitos eletrônicos das placas internas e a bateria. É imprescindível seu descarte em local adequado, normalmente aqueles destinados a equipamentos eletrônicos ou pilhas.
Os Pod System não são os únicos capazes de oferecer a experiência MTL ou Boca Para o Pulmão. Os atomizadores chamados MTL são especialmente feitos para serem usados em baixas potências e oferecer grande restrição de fluxo de ar, permitindo uma tragada fechada, similar aos Pods. Estes se distanciam apenas da familiaridade dos cigarros por seu tamanho e formato.
Em ambos os casos, por conta da menor vaporização, normalmente estes produtos são usados com líquidos com maior concentração de nicotina, chegando até 60mg/ml do tipo Nicsalt (o máximo oferecido no mercado atualmente), o que ao mesmo tempo pode ser considerado um pró e um contra.
A desvantagem é a absorção maior de nicotina em si, quando comparado com outros modelos de vaporizadores, mas isso ao mesmo tempo pode ser uma vantagem, pois uma maior absorção de nicotina em menos tragadas significa uma quantidade menor de aerosol inalado como um todo.
Como a nicotina não causa grandes males à saúde, o que já foi amplamente comprovado através de pesquisas científicas, sendo apenas uma substância capaz de causar dependência, é preferível absorver uma maior quantidade de nicotina em poucas tragadas do que o inverso, uma vez que o ideal é inalar a menor quantidade possível de aerosol, para que o consumidor se sinta saciado e não sofra recaídas aos cigarros.
É importante lembrar que mesmo a maior concentração possível de nicotina oferecida nos líquidos para vaporizadores ainda é consideravelmente menor do que a nicotina absorvida através dos cigarros. Temos um artigo que trata em detalhes sobre isso.
Tragada aberta, direta ou DL/DLI – Direto para o Pulmão
A tragada DL (Direct Lung) ou DLI (Direct Lung Inhale), traduzida para Tragada Direta para o Pulmão, é similar ao narguilé e foi adotada após o desenvolvimento de produtos de maior vaporização. O fluxo de ar é bastante aberto, permitindo inalar muito mais aerosol e exalar nuvens espessas de vapor.
Os atomizadores destes modelos são maiores, com fluxo de ar mais aberto e devem utilizar líquidos com uma quantidade de nicotina bem menor, caso contrário se tornam intragáveis, com valores que orbitam na média de 3mg e 6mg.
Os aparelhos passam a ter baterias internas maiores ou pilhas externas de alta capacidade de corrente. Enquanto os sistemas MTL utilizam cerca de 10W a 20W, os sistema de tragada direta chegam a valores bem maiores, de até 100W ou mais.
Isso adiciona complexidade aos produtos, que necessitam de várias pilhas para funcionar (e os cuidados com segurança que isso exige), é preciso configurá-los corretamente e se distanciam muito dos cigarros e do ato de fumar, além de exigir manutenção.
Para saber mais sobre isso, temos vários artigos que explicam em detalhes cada etapa deste processo.
Apesar da maior complexidade, ainda são os produtos mais utilizados em muitos países, como na Alemanha em que quase a metade dos consumidores opta por este tipo de vaporizador, com o restante sendo dividido entre Pods e Pods descartáveis.
Modelos de produtos para DL/DLI
- AIO ou ALL IN ONE: Voltados para uma primeira experiência para quem busca produtos de maior vaporização, os AIO ou All In One (traduzindo em “tudo em um”) são produtos mais simples e com algumas limitações, geralmente não oferecem regulagens ou as oferecem de maneira limitada, pois tem um custo menor. Seu formato em geral é o de bastão. Quase sempre tem bateria interna, usam bobinas manufaturadas que exigem menos manutenção e normalmente possuem chips de controle com vários mecanismos de segurança.
- Mod KIT SubOhm: Os MODS são aparelhos maiores e dentre eles temos o KIT SubOhm. Uma evolução do AIO, são dispositivos que oferecem normalmente pilhas externas, em geral uma ou duas. Mais potentes e que permitem vários ajustes, é sempre acompanhado com um atomizador que faz parte do KIT, chamado de SubOhm, por ter a característica de poder ser utilizado em altas potências. O atomizador quase sempre utiliza bobinas prontas e o aparelho pode utilizar outros modelos de atomizadores, pois são todos compatíveis.
- MOD + atomizador avulso: Aparelhos que não fazem parte de um KIT, portanto não oferecem um atomizador junto do produto. Neste caso é comum serem mais caros por ter construção superior. Indicado para consumidores experientes que já possuam ou desejam adquirir atomizadores avulsos para utilizar nestes aparelhos.
- MOD Squonk: Avulso ou parte de um KIT, o tipo SQUONK oferece uma garrafa para refil do líquido de forma mais fácil, alimentando o atomizador, que precisa ser de um tipo específico que tenha entrada de líquido em sua base para funcionar devidamente.
- MOD Mecânico / Não regulado: São produtos sem chip de controle, voltados para consumidores experientes, pois necessitam de conhecimento técnico para evitar acidentes. Foi criado um mercado alternativo em volta deste tipo de produto já que podem ser artesanais e utilizar materiais nobres como madeira estabilizada e pedraria, criando um apelo de exclusividade. Alguns produtos são vendidos por milhares de dólares, cujos compradores enfrentam filas de meses para conseguir uma unidade.
A experiência depende do seu perfil
Devemos ressaltar que o uso de um vaporizador não é algo que pode ser definido entre duas pontas distantes. É possível usar aparelhos do tipo POD para realizar tragadas diretas para o pulmão. Tudo depende do uso pelo consumidor e situações de meio termo são comuns, como a Tragada Direta Restrita, um tipo híbrido usado em aparelhos de grande vaporização, porém com configurações de fluxo de ar fechado e baixa potência.
A utilização de um vaporizador dependerá muito do perfil do consumidor que deverá encontrar a melhor tragada para o seu gosto. É preciso apenas escolher o produto que melhor se encaixe na experiência que está buscando.