Uma das preocupações em relação aos cigarros eletrônicos é a potencial inalação de compostos metálicos nas emissões dos aerossóis produzidos pelos aparelhos. Independente do modelo, os cigarros eletrônicos funcionam por um mesmo sistema, composto por um algodão saturado com um líquido e uma bobina de metal que aquece e transforma esse líquido em vapor.
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Como funciona um cigarro eletrônico
Todos os aparelhos funcionam da mesma forma, pelo aquecimento de uma bobina de metal que está em constante contato com o líquido a ser vaporizado. Por conta desse sistema, há preocupação de que partículas de metal seja transportadas pelo aerosol produzido e assim inaladas pelos consumidores.
O que dizem os estudos
Diversos estudos foram conduzidos para identificar se há transferência de partículas de metal para o aerosol inalado, vários deles concluindo que há perigos relevantes e chamando a atenção para o assunto.
Nos últimos 6 anos houve um grande aumento nas pesquisas relacionadas aos cigarros eletrônicos, com mais de 8000 novos trabalhos publicados. Infelizmente, nem todo conteúdo segue metodologias adequadas e várias pesquisas já foram descartadas por terem falhado em diversas etapas do processo.
Uma nova revisão dos estudos realizados
Agora, um novo artigo científico revisou estudos de laboratório publicados após 2017 sobre o tema específico de metais e a relação deles com o aerosol dos cigarros eletrônicos, com foco na consistência entre o projeto experimental, uso do dispositivo na vida real e avaliação adequada dos riscos de exposição.
Uma das grandes desafios e que mostra-se o principal ponto fraco nas metodologias de algumas pesquisas científicas é traduzir o uso de um consumidor humano para os resultados oferecidos por máquinas. É frequente o uso de robôs especiais que inalam os aerosóis e assim oferecem análises químicas. Alguns resultados obtidos foram bastante negativos, para então serem descartados após revisão, quando se concluiu que as amostras foram coletadas por meio de uso não compatível com situações normais.
Um caso bastante emblemático foi um estudo publicado em 2015 que identificou de 5 a 15 vezes mais formaldeído (uma substância cancerígena) nas amostras de cigarros eletrônicos quando comparado aos cigarros convencionais, o que conquistou bastante atenção da mídia.
Após revisão, este estudo identificou que os resultados foram obtidos através do uso por robôs em situações que jamais seriam toleradas por humanos, uma vez que os cigarros eletrônicos foram acionados em potências e temperaturas que tornariam o processo intragável a qualquer consumidor, criando falsos resultados.
A nova revisão identifica que todos os experimentos analisados, publicados após 2017, exibiram falhas experimentais.
Dentre as falhas está o mesmo problema da pesquisa de 2015, o uso de produtos em alta potência em sistemas de sopro destinados a inalação em baixa potência, causando condições de superaquecimento que favorecem a produção de tóxicos e geram aerossóis que são repelentes aos usuários humanos.
Dentre outras diversas falhas estão o erro de cálculo dos níveis de exposição dos resultados experimentais, produtos adquiridos meses ou anos antes dos experimentos, cuja validade e efeitos de corrosão podem ter tido um papel fundamental nos resultados e em geral a falta de informações importantes sobre as características dos produtos utilizados, sobre a metodologia experimental e os resultados, o que dificulta não só a interpretação dos dados como a possibilidade de replicação dos estudos, fundamental para definir se os estão corretos.