Quando um fumante adquire um vaporizador, são muitas as dúvidas que surgem, principalmente pela diferença quando comparado ao ato bastante simples de abrir um maço de cigarros, retirar um bastão e acendê-lo. Mesmo quem nunca fumou sabe exatamente como é o processo de se acender um cigarro, mas no vaping, as coisas são um pouco mais complexas.
Quando falamos em vaporizadores, é preciso entender algumas coisas para usá-los com segurança e principalmente com satisfação, tendo assim mais chance de êxito na troca do tabagismo por uma alternativa muito menos prejudicial de consumir nicotina.
O objetivo desde guia é oferecer dicas simples e explicações de como se usar um aparelho de vaporização pela primeira vez.
Conteúdo
Artigos complementares
Para quem deseja se aprofundar no assunto, temos muito conteúdo exclusivo sobre o vaping:
- Glossário: aprenda os termos corretos;
- Segurança de baterias;
- Uma compilação de perguntas e respostas mais frequentes;
- Entenda como funciona o controle de temperatura;
- Conheça as diferentes formas de tragar;
- DYI – Fabricar líquidos para cigarros eletrônicos em casa.
Modelos de vaporizadores
O mercado pode ser dividido em 3 tipos mais comuns. Os chamados “starter kit” ou kits iniciantes, os MODS ou aparelhos regulados e os Pod System ou Sistemas de cartucho. Identifique o seu para saber como usá-lo pela primeira vez.
Aparelhos do tipo POD
Os modelos tipo Pod System ou Sistema de Cartucho em tradução livre são os mais simples e possuem um maior apelo aos fumantes por se assemelhar mais com o ato de fumar, não apenas pelo seu tamanho e portabilidade, mas pelo tipo de tragada e entrega de nicotina.
No pacote do produto, todos os fabricantes oferecem no mínimo o aparelho e um cartucho, que deve ser preenchido com o líquido que será consumido. O cartucho dura em média de 10 a 20 dias, dependendo do hábito de consumo.
Os aparelhos que possuem botão normalmente podem ser ligados ou desligados bastando apertar 5x. O acionamento também pode ser feito pelo botão, apesar de que a maioria permite também o acionamento apenas ao tragar.
Alguns modelos oferecem ajuste de potência, é comum que ela seja definida por uma cor, vermelha para mais baixa, azul para intermediária e verde para potência máxima. Para alterar, basta apertar 3x ou 4x o botão de acionamento. Confira o manual para se certificar da maneira correta de configurar.
Também há possibilidade de seu aparelho possuir ajuste de fluxo de ar, permitindo que a tragada seja mais aberta ou mais fechada, localizado em um dos lados do produto, deixe da forma que achar mais agradável.
Aparelhos STARTER KITS ou KITS INICIANTES
Voltados para uma primeira experiência para quem busca produtos de maior vaporização, são considerados AIO ou All In One, se traduzindo em “tudo em um”, o que significa um produto mais simples e com algumas limitações, pois tem um custo menor. Seu formato em geral é o de bastão.
Quase sempre possuem bateria integrada que não pode ser substituída, o que obriga o consumidor a esperar seu carregamento quando esgotada.
Os STARTER KITS possuem atomizadores mais simples, que muitas vezes não oferecem controle de fluxo de ar. Em alguns casos não é possível usar outro atomizador no aparelho, sendo fixos, assim como a drip tip ou bocal.
Em sua maioria usam bobinas manufaturadas chamadas de coilhead, trocadas através de rosca, que exigem muito menos manutenção, mas possuem uma entrega menor de sabor e vapor.
A maior parte dos Starter Kits são aparelhos chamados de “regulados” pois oferecem chip de controle com vários tipos de proteção como sobrecarga, carregamento, etc.
Aparelhos do tipo MOD
Os aparelhos maiores, com botões e normalmente tela de LCD são chamados de “MOD”, “VAPE” ou apenas “regulados”. Todos possuem um chip de controle que regula diversas funções de proteção, como tensão, carga, balanceamento de pilhas, potência, funções diversas, controle de puffs, etc. Estes modelos normalmente possuem um botão de “mais” e um de “menos” para aumentar e diminuir a potência, um botão de disparo para acioná-lo e às vezes um terceiro botão para configurações.
Sempre consulte o manual do produto para saber como ele funciona.
Estes modelos são em grande parte oferecidos como um KIT contendo o aparelho, atomizador e bobinas. São diferentes dos STARTER KITS pois além da potência mais alta e várias funções extras, são oferecidos com atomizadores mais complexos e mesmo que ainda usem coilheads, estas são mais robustas e entregam mais vapor e sabor.
Você pode adquirir atomizadores avulsos e usar nos mesmos aparelhos.
Atomizadores
Os aparelhos são apenas uma fonte de energia, é nos atomizadores que o processo de vaporização acontece, pelo aquecimento das bobinas de metal que estão em contato com o líquido, produzindo um aerosol a ser inalado.
Existem milhares de modelos de atomizadores, com reservatório, sem reservatório, siglas como RTA, RDA, RDTA, cada tipo com seus prós e contras. Consulte nosso Glossário para saber o que cada um significa.
Nos modelos de KIT os atomizadores são quase sempre os chamados sub-ohm, que utilizam bobinas prontas que bastam ser conectadas na base do atomizador através de uma rosca. Atomizadores com bobinas que precisam ser instaladas, além do algodão, e por esse motivo exigem mais conhecimento e complexidade na manutenção, são normalmente adquiridos em separado.
As bobinas podem ser separadas em dois tipos: as manufaturadas de fábrica são chamadas de coilhead e basta rosqueá-las na base do atomizador. As bobinas enroladas, conhecidas também somente pelo nome coil, precisam ser manualmente instaladas colocando um algodão em seu interior.
Se o seu produto for um KIT, muito provavelmente ele seja um atomizador sub-ohm com coilheads.
Para usar atomizadores que utilizam coils artesanais, é preciso maior conhecimento, algumas ferramentas e cada atomizador possui suas particularidades.
O líquido
O líquido que será consumido pode ser comprado pronto ou ser feito em casa, temos este artigo no site que fala sobre o assunto.
São feitos de PG – Propilenoglicol, VG – Glicerina Vegetal, essências de sabor e opcionalmente nicotina.
É o item mais importante do conjunto pois é ele que lhe trará a sensação de sabor e também toda a experiência de “fumar”. Fora o sabor que você deve escolher aquilo que mais achar agradável, é essencial escolher uma concentração de nicotina adequada para o seu perfil, pois isso pode significar a diferença entre deixar de fumar ou não.
A necessidade de nicotina de cada organismo é bastante particular e devemos lembrar que o vaping entrega uma quantidade bem menor da substância no organismo quando comparada com os cigarros, mesmo nas maiores concentrações disponíveis no mercado. Temos um artigo que fala sobre o assunto.
Pode haver a necessidade de tentativa e erro até encontrar a concentração ideal para você. No caso dos PODs e atomizadores MTL devido ao baixo volume de vaporização, é possível utilizar concentrações maiores. No caso dos aparelhos de maior potência, combinados com atomizadores de maior vaporização, é preciso usar uma concentração menor de nicotina.
Valores médios no mercado são 20mg a 50mg para baixa vaporização e 3mg a 6mg para alta vaporização.
Jamais use concentrações altas de nicotina em aparelhos de grande vaporização, com o risco de overdose que pode causar enjoos, dores de cabeça, tonturas e até desmaios.
Tirou da caixa? Vamos carregar o produto!
O primeiro passo é carregar o aparelho. Temos um artigo detalhado sobre carregamento de vaporizadores. Em resumo, para produtos com bateria interna você pode conectá-lo em televisões, computadores ou notebooks. Ao usar um carregador de celular, certifique-se que não possua mais de 5V e jamais use os chamado “turbo”. Todos os aparelhos aceitam no máximo 5V e carregadores com tensão maior podem queimar seu dispositivo.
Se utilizar pilhas externas, o ideal é que seja utilizado um carregador próprio de marcas recomendadas como Nitecore, Efest e Fenix. No começo e por curto período é possível usar o próprio aparelho, mas não é recomendado. Se o vaporizador for de apenas uma pilha o risco é menor, mas se for um modelo com duas ou mais, é preciso se preocupar com pareamento, coisa que explicamos no nosso artigo sobre segurança pilhas.
Limpando e preparando o atomizador
Nunca se sabe como foi o processo de logística e fabricação de seu atomizador antes de ele ir para dentro da caixa. Não raro são encontrados resquícios de óleo de máquina, então o ideal é limpá-lo antes de começar a usar. Se já tiver alguma bobina pré-instalada, retire pois não se deve molhar o algodão pois pode estragá-lo.
Cada modelo possui um modo diferente de desmontagem, na dúvida sugerimos que procure conteúdo apropriado para o seu produto na Internet. Se alguma parte do atomizador estiver presa, temos várias dicas neste artigo.
Desmonte toda a peça e limpe com água corrente e sabão neutro. É possível usar uma escova de dentes para suavemente escovar o atomizador e tirar qualquer sujeita dos cantos e fendas.
Você pode aumentar a eficácia da limpeza contra germes e bactérias utilizando água quente fervida e álcool isopropílico, álcool de cereais ou vodka barata. Cuidado ao usar água quente pois se houver um choque térmico com peças geladas, pode derreter alguma borracha ou trincar um vidro.
Depois de limpo e seco, está na hora de montar tudo de novo, mas antes de fechar é preciso fazer o prime da coil. O termo americano significa molhar o algodão da bobina com um pouco de líquido, para evitar que nos primeiros acionamentos ele esteja seco por não ter conseguido saturar o suficiente e acabe queimando, o que é bem comum na mão de novatos que esquecem desse detalhe e já estragam suas bobinas na primeira utilização.
Aplique poucas gotas diretamente dentro da bobina e no algodão interno, até ficar saturada, mas não exagere.
Esse processo serve para qualquer tipo de bobina e deve ser feito apenas na primeira vez. No caso de cartuchos de PODS como não é possível ter acesso à bobina interna, é recomendado encher de líquido e aguardar pelo menos 5 minutos antes da primeira utilização.
Ligando e configurando o vaporizador
Depois de preparar o atomizador e rosqueá-lo no aparelho, ou de preencher seu cartucho e conectar no produto, está na hora de ligá-lo e configurá-lo corretamente.
Praticamente todo dispositivo é ligado ao se pressionar o botão de acionamento por 5 vezes em rápida sucessão. Os produtos que não possuem botão permanecem ligados sempre que tem energia. Os PODS são muito mais simples e não oferecem muitas configurações, exceto controle de potência em alguns modelos, similar a STARTER KITS com apenas um botão que costumam oferecer ajuste de potência ao se pressionar o botão de acionamento normalmente por 3X. Vermelho para potência baixa, azul para intermediária e verde para alta.
No caso de MODS/REGULADOS cada empresa utiliza um modelo de chip diferente, portanto você precisará acessar o site do fabricante, consultar o manual ou ainda procurar conteúdo específico na Internet, para saber como configurar as diversas funções.
Sabemos que manuais chineses podem ser bem ruins, mas provavelmente exista conteúdo sobre o seu produto na Internet mostrando o funcionamento em detalhes. Alguns comandos costumam ser universais ou pelo menos mais comuns entre os modelos:
- 5 cliques no botão de acionamento para ligar / 5 cliques para desligar;
- 2, 3 ou 4 cliques para entrar em algum tipo de menu ou opção de configuração;
- Botão de + para aumentar e – para diminuir números como potência, temperatura, etc;
- Dentro dos menus, + e – fazem você mudar de opções;
- Mantendo pressionada alguma combinação de botões por alguns segundos costuma ser o modo para acessar algumas funções. Normalmente a combinação de disparo e botão de + ou botão de – serve para bloquear o dispositivo (o botão de acionamento fica travado, para guardar no bolso por exemplo e não arriscar acionar sem querer), entrar no modo stealth (aparelho continua funcionando, mas sem acionar a tela de LCD, ficando mais discreto), entre outras coisas que você deverá buscar no manual para saber como configurar e usar.
Em questão de configuração para o uso propriamente dito, só precisamos realmente nos preocupar em definir o modo e escolher a potência e/ou temperatura. Muitos aparelhos possuem dois modos de utilização, controle de potência e controle de temperatura. Sugerimos que você acesse este artigo que explica em detalhes a diferença entre esses modos.
Em um breve resumo, você pode intercalar entre o chamado modo POWER e o modo TC (temperature control) nos aparelhos que oferecem essas funções, tomando os seguintes cuidados:
Modo POWER
É o mais simples dos dois modos. Ele alimenta a resistência com uma determinada potência em WATTS. Sugerimos que você comece sempre em baixas potências para não arriscar queimar a bobina nas primeiras utilizações. Vá aumentando até achar uma potência agradável para o seu paladar.
Modo Controle de Temperatura
Neste modo a bobina deve ser feita de Aço Inox. Este modo é um pouco mais complexo pois ele possui duas configurações que devem ser feitas em paralelo.
A primeira é a temperatura máxima desejada que costuma ir de 100º a 350º, dependendo do modelo. A segunda é a potência em WATTS que se deseja utilizar para se chegar nessa temperatura, que costuma ser de no máximo 75W, mas também pode mudar dependendo do dispositivo. Quanto maior a potência determinada, mais rápido a temperatura chegará no valor que você escolheu como máximo.
Uma vez atingida a temperatura desejada, o aparelho passa a controlar essa temperatura, criando pulsos que não permitem que se ultrapasse o valor informado.
A principal vantagem do modo de controle de temperatura é evitar um superaquecimento e impedir que o algodão possa queimar, o que tem potencial para criar subprodutos nocivos.
Dependendo do fabricante, existem outros modos de uso que devem ser consultados no manual, alguns com tecnologias próprias. Alguns nomes são FIT, PASSTHROUGH, HIGH, SMOOTH, PULL, etc.
No mais, só resta aproveitar o uso do seu vaporizador e ficar longe do tabagismo!