O vaping e a diabetes

Publicado:

Tempo de leitura: 3 minutos

O que é a diabetes?

A diabetes é uma doença que aflige mais de 425 milhões de pessoas ao redor do mundo, só no Brasil temos quase 8% da população com o diagnóstico da doença o que equivale a mais de 12 milhões e meio de pessoas, ocupando o 4º lugar no ranking de maior número de diagnósticos no planeta.

Ao todo, a doença matou 4 milhões de pessoas em 2017.

É uma doença crônica na qual o organismo não produz insulina ou não consegue empregá-la adequadamente no corpo. A insulina é o hormônio responsável por controlar a quantidade de glicose no sangue. Em suma, o corpo da pessoa com diabetes não consegue lidar com o açúcar que ela consome em qualquer tipo de bebida ou alimento e portanto passa a ter muito açúcar no sangue, exigindo cuidados para o resto da vida, além de uma dieta rígida e medicação.

As principais complicações da diabetes são doenças cardiovasculares, perda da visão, doenças renais e até amputação.

O tema é relevante ao vapor por conta de duas substâncias presentes nos líquidos consumidos. A glicerina e a nicotina.

Infelizmente ainda não existem estudos específicos do impacto do vaping em pessoas com diabetes, o que se sabe ainda é baseado em questões indiretas como o efeito que a nicotina causa como substância em si e normalmente atrelada ao fumo e não especificamente através do vapor, cuja absorção é bem diferente.

A glicerina no vapor

Começando pela glicerina, temos um artigo bastante completo sobre a substância através deste link, mas em resumo, a glicerina possui o poder adoçante equivalente a 60% da sacarose e uma colher de chá representa 27 kcal, praticamente o mesmo que o açúcar, com 4 calorias por grama.

Apesar disso quando consumida ela não eleva os níveis de açúcar no sangue, assim como não alimenta bactérias que causam a cárie. Só não é utilizada em larga escala como adoçante porque adoça menos, obrigando o uso em maior quantidade, o que elevaria o consumo de calorias pois apesar de ter o mesmo poder calórico do açúcar, é 40% menos adoçante.

Não há qualquer comprovação científica, estudo ou caso documentado que faça ligação entre o uso de vaporizadores e aumento de níveis de glicose em pessoas com diabetes. Os testemunhos de consumidores dizem que não há nenhuma alteração, mesmo com acompanhamento dos níveis de glicose antes e após usar cigarros eletrônicos.

A especialista em diabetes Dra. Sue Marshall (que inclusive é portadora de diabetes tipo 1) autora do livro “Diabetes: The Essencial Guide” (Diabetes: O Guia Essencial em tradução livre) declara que os açúcares presentes nos líquidos consumidos nos cigarros eletrônicos são irrelevantes para alterar o nível de glicose no sangue dos diabéticos e inclusive indica os cigarros eletrônicos para pessoas que tenham a doença de qualquer tipo e que não consigam parar de fumar. Confira a entrevista dela ao site “The Blog of E-cigarette Direct”.

Nicotina, potencial perigo

Devemos lembrar que a diabetes oferece um constante stress no corpo. Isso significa que acrescentar qualquer outro tipo de stress é uma má ideia e é por isso que o consumo de nicotina não é recomendado.

Já é sabido que a nicotina, mesmo de forma isolada, altera o ritmo cardíaco e a pressão arterial, o que em diabéticos tem uma gravidade muito maior pois problemas no coração é a principal causa de mortes provocadas pela doença.

Mais uma vez precisamos levar em consideração a redução de danos já que cigarros eletrônicos não foram feitos para ser saudáveis, mas uma alternativa muito menos prejudicial que o fumo. Se não há possibilidade de evitar o consumo de nicotina, é inegável a vantagem em se trocar o cigarro convencional pelo vaping, já que várias pesquisas apontam que os cigarros eletrônicos ajudam a parar de fumar, tendo quase 2 vezes mais sucesso do que as terapias clássicas como adesivos, gomas de mascar e remédios.

Além disso, pela forma como o vaping funciona, é possível diminuir gradativamente a quantidade de nicotina consumida nos líquidos até zerar completamente, retirando um elemento potencialmente nocivo da equação, ficando apenas com o vício mecânico.

Porém continuamos sem ter certeza dos reais riscos, se é que existem, enquanto não houver pesquisas mais aprofundadas na área, o que espero que sejam feitas devido o crescimento do vaping no mundo, o que deve atrair o interesse de cientistas e pesquisadores acerca do assunto.

Outros artigos

Comparando a saúde autoavaliada entre usuários exclusivos de cigarros eletrônicos e fumantes de cigarros tradicionais: uma análise da Pesquisa de Saúde da Inglaterra de...

Yusuff Adebayo Adebisi, Duaa Abdullah Bafail
"Esses achados sugerem que usuários exclusivos de cigarros eletrônicos percebem sua saúde de forma mais positiva do que fumantes de cigarros tradicionais, oferecendo insights úteis para as discussões sobre estratégias de redução de danos."

Os efeitos dos padrões de uso de cigarros eletrônicos sobre a carga de sintomas relacionados à saúde e a qualidade de vida: análise de...

Yue Cao, Xuxi Zhang, Ian M Fearon, Jiaxuan Li, Xi Chen, Yuming Xiong, Fangzhen Zheng, Jianqiang Zhang, Xinying Sun, Xiaona Liu
"Usuários exclusivos de cigarros eletrônicos (EC) apresentaram menos sintomas relacionados à saúde e melhor qualidade de vida (QoL) do que aqueles que eram fumantes exclusivos de cigarros convencionais (CC). Isso deve ser levado em consideração ao avaliar o potencial de redução de danos dos cigarros eletrônicos."

Novo estudo mostra mínima diferença na saúde de pessoas que usam cigarros eletrônicos sem histórico de tabagismo em comparação com quem nunca consumiu nicotina

Trabalho ajuda a entender os reais impactos menores dos cigarros eletrônicos quando usados isolados do consumo de cigarros tradicionais.

Projeto de Lei da Câmara dos Deputados pode criminalizar consumidores de cigarros eletrônicos no Brasil

PL Nº 2.158 quer tornar crime "transportar" e "armazenar" cigarros eletrônicos, sem distinção de comércio ou uso próprio, ameaçando milhões de consumidores brasileiros.

Mudança de Cigarros para Produtos de Tabaco Aquecido no Japão – Potencial Impacto nos Resultados de Saúde e Custos de Assistência Médica Associados

Joerg Mahlich, Isao Kamae
"Considerando as taxas de prevalência heterogêneas, uma abordagem única de controle do tabaco é ineficaz. O Japão deve priorizar medidas de custo-efetivo que promovam benefícios à saúde pública e econômicos. Incentivar os fumantes a trocar por produtos de risco reduzido, aumentar a conscientização sobre os riscos à saúde e adotar um modelo de tributação baseado no dano podem impulsionar mudanças positivas. Parcerias público-privadas podem intensificar os esforços de redução de danos. Com uma combinação de reformas tributárias, regulamentações revisadas, colaborações e pesquisas contínuas, o Japão pode criar uma abordagem mais eficaz e abrangente para o controle do tabaco."

Lojas de varejo de cigarros eletrônicos no México: um país que proíbe a venda

David Zepeta Hernández, Angelica Susana López Arellano, Erika Mayte Del Angel Salazar, Nazaria Martínez Díaz
"Os cigarros eletrônicos estão amplamente disponíveis e comercializados em diversos pontos de venda no México. O alto número de lojas, marcas de líquidos e cigarros eletrônicos indica o descumprimento das regulamentações existentes."

Newsletter

- Receba notícias em seu email

- Não compartilhamos emails com terceiros

- Cancele quando quiser

Últimas notícias

Transformação do mercado de produtos de tabaco no Japão, 2011–2023

Michael Cummings, Avery Roberson, David T Levy, Rafael Meza, Kenneth E Warner, Geoffrey T Fong, Steve Shaowei Xu, Shannon Gravely, Bibha Dhungel, Ron Borland, Richard J O'Connor, Maciej Lukasz Goniewicz e David T Sweanor
"Embora muitos fatores possam ser responsáveis ​​pela queda nas vendas de cigarros no Japão nos últimos 12 anos, o aumento nas vendas de HTPs parece ser um fator."

Prognóstico após a mudança para cigarros eletrônicos após intervenção coronária percutânea: um estudo nacional coreano

Danbee Kang, Ki Hong Choi, Hyunsoo Kim, Hyejeong Park, Jihye Heo, Taek Kyu Park, Joo Myung Lee, Juhee Cho, Jeong Hoon Yang, Joo-Yong Hahn, Seung-Hyuk Choi, Hyeon-Cheol Gwon, Young Bin Song
"Entre fumantes submetidos a intervenção coronária percutânea para doença arterial coronária, a mudança para o uso de cigarro eletrônico (particularmente a transição completa) ou parar de fumar foi associada à redução do risco de eventos cardíacos adversos maiores do que o uso contínuo de cigarro combustível."

Na última década o vaping salvou 113 mil vidas e economizou quase 1 trilhão de reais na economia e na saúde dos EUA

Relatório traduzido para o Português pela organização científica Direta.org mostra que o vaping tem um grande impacto positivo quando devidamente regulado.

Reino Unido proibirá vapes descartáveis, restringirá sabores e fará mais coisas estúpidas

O governo do Reino Unido decidiu que proibirá os vaporizadores descartáveis ​​e sugere que proibirá os sabores dos vaporizadores. Isto irá desencadear mais tabagismo, mais comércio ilícito e mais soluções alternativas.

9 fatos e mitos sobre o vaping de acordo com o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido

Menos prejudiciais do que fumar, ajudam contra o tabagismo, menos nicotina que os cigarros e outros fatos que o Brasil ignora sobre o vaping.