O Japão tem uma longa história de consumo de tabaco e vem adotando várias medidas para regulamentar a indústria tabagista e reduzir os impactos negativos do tabagismo na saúde pública. O país tem uma das mais altas taxas de fumantes no mundo, com cerca de 20% da população fumando diariamente. Isso se traduz em um número alarmante de mortes relacionadas ao tabagismo, com mais de 150 mil ocorrendo todos os anos atribuídas ao fumo.
No entanto, o Japão também tem liderado a inovação na indústria do tabaco, com a introdução de novas tecnologias, como cigarros eletrônicos e produtos de tabaco aquecido, comprovadamente menos prejudiciais à saúde. A legislação japonesa tem acompanhado essa evolução, regulamentando esses produtos de maneira diferente dos cigarros tradicionais.
Atualmente, o uso de cigarros eletrônicos é permitido no Japão, mas a venda de líquidos com nicotina é proibida. Os usuários podem importar líquidos com nicotina para uso pessoal, mas a venda e distribuição são ilegais. Já o tabaco aquecido é regulamentado de forma diferente e legalmente permitido, mesmo sendo um produto que contém nicotina.
Neste cenário, a empresa Japan Tobacco, dona da marca de cigarros Winston e Camel e líder no mercado japonês com 60% de participação, divulgou seus resultados de 2023, cujo relatório está disponível no site da empresa.
O documento oferece uma visão bastante clara dos resultados, que servem como um exemplo extraordinário do efeito de substituição dos cigarros convencionais para os produtos de tabaco aquecido, criando a mais rápida redução nas vendas de cigarros já vista em um grande mercado.
Isso sem ainda ter criado uma abertura mais ampla para outras alternativas como os cigarros eletrônicos que contém nicotina, nem esforços políticos ou educacionais para facilitar essa transição, sendo esta uma resposta orgânica de interesse puramente dos consumidores.
Os dados mostram que em 2015 foram vendidos 182,3 bilhões de cigarros no Japão e em 2022 esse número já era de 97,7 bilhões. Uma queda de 46,4% em sete anos.
A empresa informa que o tabaco aquecido, chamados também de Produtos de Risco Reduzido – PRR já representam 34% do mercado e continua a mencionar especificamente o crescimento das vendas para explicar a queda no interesse pelos cigarros.
A experiência japonesa é sem precedentes. Na rapidez do declínio do consumo de cigarros a combustão, na disposição de uma empresa de tabaco em fornecer dados de suas vendas e na capacidade da comunidade global de controle do tabagismo de ignorar tudo isso.
Um exemplo do que podemos esperar dessa nova realidade é o estudo Doença Isquêmica do Coração e Hospitalizações por Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica no Japão Antes e Depois da Introdução de um Produto de Tabaco Aquecido que usou dados do mundo real do Japão. Com aproximadamente 7,3 milhões de pacientes, reuniu evidências de que a substituição generalizada de cigarros por produtos sem combustão pode ter um impacto positivo substancial na saúde da população.
A análise da tendência temporal em hospitalizações por exacerbações de DPOC e infarto agudo do miocárdio entre os japoneses mostrou uma diminuição significativa e consistente no número de hospitalizações após a introdução dos produtos de tabaco aquecido no Japão. Isso ocorreu na ausência de qualquer mudança nas políticas locais de controle do tabagismo.
São resultados reais de um impacto positivo na saúde pública japonesa após a oferta de produtos de menor risco para a substituição dos cigarros queimados por alternativas sem combustão e consequentemente menos prejudiciais.