Você pode estar se perguntando como é possível que o Brasil não saiba quantos fumantes existem no País, uma informação crucial e absolutamente necessária em termos de saúde pública. A primeira vista isso parece completamente irreal já que o Governo e principalmente organizações de saúde como o INCA, FioCruz, Associação Médica Brasileira, ACT Promoção Saúde e muitas outras contam vantagem e elogiam a política anti-tabagismo brasileira, reconhecida no exterior e que mostra resultados excelentes nas últimas décadas por conta da queda da prevalência de fumantes.
De acordo com dados oficiais, o número de fumantes brasileiros conforme informa o site do INCA (Instituto Nacional de Câncer) caiu de 34,8% em 1989 para 12,6% em 2019.
Desde 2006 a Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) é o órgão nacional do Ministério da Saúde responsável pelo monitoramento telefônico destes índices e em 2019 indica um percentual total de fumantes de 9.8%.
Então como é possível dizer que não sabemos quantos fumantes temos no Brasil? Simples, mas antes uma pergunta, você tem telefone fixo? Se você não tiver e for fumante, você não entrará nas estatísticas.
Isso mesmo, a metodologia utilizada pela Vigitel desde 2006 é feita exclusivamente por ligações para telefones fixos e obviamente que essa amostragem é bastante limitada.
De acordo com a Anatel temos o menor índice de linhas fixas ativas da história com 30 milhões de telefones fixos no país. Em contrapartida, telefones móveis representam mais de 242 milhões de linhas ativas.
Estatisticamente o resultado é influenciado pelo universo de amostragem, se você quiser saber quantas pessoas gostam de sorvete de creme você não deve realizar a sua pesquisa no Alaska.
Este é o País em que vivemos, cujas políticas de redução do tabagismo são mascaradas por estatísticas completamente maquiadas que fazem o Brasil posar de bonito para o resto do mundo enquanto milhões de pessoas continuam fumando e sofrendo os males do tabagismo.
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha em 2018 indicou que o número de fumantes real é de 17% ou o equivalente a 26,4 milhões de pessoas. Também indicou que 6 em cada 10 brasileiros convivem com fumantes, cerca de 88 milhões de pessoas ou 57% da população.
Na mesma pesquisa o Datafolha pergunta se a população fumante trocaria o cigarro convencional por produtos de risco reduzido como cigarros eletrônicos e a resposta foi positiva para 82% dos entrevistados. Quanto perguntado para os não fumantes se indicariam produtos de risco reduzido para parentes e amigos, a resposta foi positiva para 78% das pessoas.
Parece que o Governo e as instituições de saúde brasileiras não estão preocupadas com o que a população deseja e sim em apresentar resultados inventados através de pesquisas fajutas que só entregam resultados inventados.