Evento internacional traz a experiência da Suécia para o Brasil e o potencial de também ser um país “livre do fumo”

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O Vaporaqui divulgou a comemoração da Suécia em se tornar o primeiro país da União Européia a conseguir o título de “livre do fumo”, feito que está sendo alcançado incríveis 17 anos antes do prazo estabelecido até 2040. De acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde, um país é considerado “livre do fumo” quando a prevalência do tabagismo é igual ou menor do que 5%. Em comparação, a média no continente é de 23%.

A Suécia conquistou essa vitória graças a uma abordagem pragmática, ao seguir as orientações da OMS que incluem a redução da oferta e demanda de tabaco e a proibição de fumar em determinados locais, mas acrescenta um elemento importante: aceitar produtos livres de fumaça como alternativas menos prejudiciais, ao aplicar a estratégia da RDT – Redução de Danos do Tabagismo.

A “Redução de Danos” é um termo que abrange uma política já aplicada há décadas, principalmente para drogas e álcool. O entendimento é simples, em um mundo ideal não faríamos nada que fizesse mal à saúde, mas isso é inalcançável, basta levar em conta que dados da OMS de 2022 apontam 3 milhões de mortes anuais, e quase o mesmo número em doenças e lesões, provocadas pelo consumo de álcool.

Mas proibir bebidas alcoólicas não é solução. Entra em cena a Redução de Danos, uma abordagem que não aceita somente a abstinência e não marginaliza quem não quer ou não consegue parar de consumir produtos que fazem mal à saúde. Um exemplo clássico são as campanhas de conscientização para consumo responsável, como “Se beber, não dirija”. Curiosamente, a Redução de Danos não é reconhecida pela OMS para o tabagismo e muitos países não consideram uma abordagem adequada.

Não foi o caso da Suécia, que não apenas aceitou, como incentivou a RDT em ações para convencer fumantes, que não querem ou não conseguem parar de fumar, a trocar os cigarros pelo consumo de produtos menos prejudiciais, como cigarros eletrônicos, tabaco aquecido e tabaco oral.

O resultado está sendo colhido não apenas na menor prevalência do tabagismo da Europa, mas também nos números menores de doenças e problemas diretamente relacionados ao fumo.

É essa experiência que especialistas do Reino Unido, Estados Unidos, Suécia, Grécia e outros países da Europa trazem para um evento em São Paulo, na próxima Quinta-feira, dia 11 de Maio, organizado pela Aliança Panamericana de Redução de Danos (PAHRA), intitulado Seminário Sul Americano de Redução dos Danos do Tabagismo.

O evento acontece no World Trade Center São Paulo e pretende discutir iniciativas de RDT que podem prevenir doenças e mortes prematuras relacionadas ao uso do tabaco no Brasil e no mundo, com inscrições gratuitas presenciais (clique aqui) e virtuais (clique aqui), com convite formal e presença confirmada de Alexandro “Hazard” Lucian, criador do Vaporaqui.net, que disse:

Um evento gratuito desse calibre é uma oportunidade de ouro. Reguladores, legisladores e qualquer um interessado na saúde pública brasileira, especialmente em relação ao tabagismo, não podem perder. A experiência Sueca vem mostrando que há um caminho claro para alcançar menos doenças e mortes relacionadas ao tabagismo, desde que deixemos de lado interesses políticos e ideológicos e optemos por abraçar a ciência. Países que não só regulam, mas incentivam a RDT, estão colhendo frutos muito positivos. Em contrapartida, aqueles que ignoram a RDT como o Brasil, estão enfrentando grandes dificuldades, como o mercado ilegal e o uso pelos jovens, principalmente de cigarros eletrônicos.

Entre os palestrantes estão os médicos Delon Human e Anders Milton, autores do estudo “The Swedish Experience: A roadmap for a smoke-free society” (“A Experiência Sueca: Um roteiro para uma sociedade livre do tabaco”), publicado em Março deste ano, que detalha os caminhos que fizeram a Suécia atingir o índice de 5% de fumantes quase 2 décadas mais cedo que o prazo estabelecido.

O Dr. Delon Human, palestrante e moderador do evento, declarou:

“Trata-se de combinar o controle do tabaco com a minimização dos danos. Não há produtos de tabaco livres de risco, mas os cigarros eletrônicos, por exemplo, são 95% menos prejudiciais do que os cigarros convencionais. É muito melhor para um fumante mudar para os cigarros eletrônicos ou para os sachês de nicotina do que continuar fumando.”

No Brasil os cigarros eletrônicos têm o comércio proibido desde 2009 pela RDC 46/2009 da ANVISA, mas a posse e o uso são permitidos, o que criou um grande mercado ilegal com milhões de pessoas consumindo produtos sem qualquer controle sanitário ou fiscalização, enquanto produtos muito mais prejudiciais como cigarros, charutos, cachimbos e narguiles são legalizados. Mesmo com um excelente trabalho de combate ao fumo ao longo de décadas, o país ainda amarga mais de 156 mil mortes causadas pelo consumo de tabaco e conta com dezenas de milhões de fumantes.

Dr. Delon Human complementa “O Brasil tem medidas de muito sucesso para o bem-estar coletivo, como a proibição de fumaça em ambientes fechados, mas essas medidas são pouco efetivas na redução do número de fumantes efetivamente, apenas mascaram os problemas. Em suas casas e ao ar livre, as pessoas continuam consumindo tabaco. Outro ponto importante é que o consumo de cigarros contrabandeados é imenso no Brasil. Não existe nenhum tipo de controle sobre as substâncias contidas nesses produtos ilegais”.

O Brasil está sendo considerado um “forte candidato” para ser “livre do fumo”. De acordo com Human “O Brasil reúne todas as características necessárias para um bom programa de redução de danos. A discussão sobre tabagismo é complexa em todo o mundo, mas com a experiência da Suécia, sabemos que os países que abraçam a causa e encaram o problema de frente conseguem resultados muito positivos.”

Além do caso sueco, haverão palestrantes de diversos países trazendo outras experiências e discutindo o papel dos profissionais de saúde na RDT, o impacto econômico e ambiental da estratégia e o que é mais importante, a visão dos consumidores, que muitas vezes não são levados em consideração na tomada de decisões de Saúde Pública.

A agenda do evento prevê seminários também na Bélgica, África do Sul, Bangladesh e Suécia.

Palestrantes confirmados

Dr. Delon Human (Palestrante e moderador):

O Dr. Human é médico, político de saúde global, empreendedor social e especialista em redução de danos em alimentos, álcool e tabaco. É também presidente e CEO do grupo global de consultoria em saúde Health Diplomats e preside vários conselhos consultivos científicos. Também atuou como consultor em estratégias globais de saúde pública para três diretores-gerais da OMS e para o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon.

Dr. Derek Yach (palestrante):

Atualmente é consultor independente de saúde global. Ele foi o fundador e presidente da Foundation for a Smoke-Free World, uma organização independente e sem fins lucrativos dedicada a acelerar os esforços globais para reduzir as mortes e os danos causados pelo fumo, com o objetivo final de eliminar o fumo em todo o mundo. Ele também foi professor de saúde global na Universidade de Yale e ex-diretor executivo de doenças não transmissíveis e saúde mental da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Dr. Anders Milton (palestrante):

É um médico com vasta experiência no serviço público, consultor no setor de saúde e ex-presidente da WMA (World Medical Association). Atualmente é proprietário e CEO da Milton Consulting e atual presidente da Comissão Snus. O currículo do Dr. Milton também inclui passagens como presidente e CEO da Associação Médica Sueca (SMA) e como presidente da Cruz Vermelha Sueca.

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