Um estudo recente conduzido por pesquisadores da Universidade de Bristol e da Brighton and Sussex Medical School revelou que a desinformação sobre os riscos dos cigarros eletrônicos está impedindo jovens adultos de abandonarem o tabagismo. A pesquisa, publicada na revista Nicotine and Tobacco Research, analisou dados do estudo longitudinal ALSPAC e constatou que a percepção equivocada de que o vaping é tão ou mais prejudicial que o cigarro tradicional desestimula a migração para alternativas menos nocivas.
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Percepções distorcidas sobre os riscos do vaping
O estudo destacou que, em 2024, 85% dos adultos fumantes na Inglaterra acreditavam erroneamente que o vaping era igualmente ou mais prejudicial que o cigarro convencional, ou não sabiam comparar os riscos relativos. Esse número representa um aumento preocupante em relação a 2014, quando 59% tinham essa percepção equivocada.
A principal autora da pesquisa, Dra. Katherine East, afirmou:
“Há muita desinformação circulando que o vaping é tão ruim quanto fumar ou até pior. Embora o vaping não seja isento de riscos, as evidências são claras de que é muito menos prejudicial do que fumar e pode ajudar as pessoas a parar de fumar com sucesso.”
Consequências da desinformação
A disseminação de informações falsas ou distorcidas sobre o vaping tem consequências diretas na saúde pública. Ao acreditar que os cigarros eletrônicos são tão perigosos quanto os tradicionais, muitos fumantes deixam de considerar o vaping como uma alternativa viável para cessar o tabagismo.
A Dra. Jasmine Khouja, coautora do estudo, complementa:
“Nossas descobertas destacam a necessidade de intervenções para melhorar as percepções equivocadas sobre o vaping que atualmente são observadas entre as pessoas que fumam.”
A importância da regulamentação no Brasil
No Brasil, a desinformação é agravada pela falta de regulamentação. Sem diretrizes claras, campanhas educativas ou controle sanitário, o mercado é dominado por desinformação e produtos de origem duvidosa. A regulamentação dos cigarros eletrônicos precisa ser encarada como uma política pública de saúde, baseada em três pilares centrais:
Proteção do consumidor adulto
Estudos científicos mostram que o vaping é menos prejudicial e mais eficaz para abandonar o cigarro, mas milhões de brasileiros continuam sem acesso seguro e informado. A regulamentação garantiria produtos com qualidade controlada e informação confiável.
Combate ao mercado ilegal
Mesmo proibido, o comércio de vapes é amplamente praticado no Brasil — sem fiscalização, sem rótulo, sem segurança. A regulamentação pode combater os R$ 27 bilhões anuais movimentados por redes criminosas.
Prevenção do uso por menores
Hoje, 16,8% dos adolescentes brasileiros já usaram vapes, segundo a PeNSE 2019. Com o mercado desregulado, adolescentes continuam sendo alvo direto da indústria clandestina. Somente com leis claras e fiscalização real é possível proteger de fato os jovens.