Em 2022, publiquei o artigo “Carregando corretamente seu vaporizador“, que continua sendo um dos mais acessados do site até hoje.
Apesar de tê-lo atualizado algumas vezes ao longo dos anos, ele foca principalmente nos aparelhos conhecidos como “mods” e traz menos informações sobre os “pods”.
O motivo é simples: naquela época, o mercado e os consumidores utilizavam muito mais “mods” — dispositivos maiores e mais potentes que usam pilhas externas. Atualmente, a situação se inverteu completamente, e a maioria dos consumidores usa “pods”, enquanto os “mods” ficaram restritos a um nicho de entusiastas ou consumidores da “velha guarda”.
Se você ainda utiliza um “mod” com pilhas, meu artigo original continua válido e atualizado. Mas se você usa “pods”, este artigo é para você.
Conteúdo
Nunca carregue pods descartáveis
EEsta é a dica mais importante de segurança que você precisa lembrar. Como o nome sugere, pods descartáveis foram feitos para serem usados e descartados. Eles não devem ser recarregados, nem com mais líquido nem com energia, salvo se o produto tiver uma porta USB para esse fim.
Alguns pods descartáveis contêm mais líquido do que a bateria interna pode suportar com uma única carga. Nesses casos, os dispositivos incluem portas USB para carregamento, permitindo que sejam usados até o esgotamento do líquido. Entretanto, o carregamento deve ser feito apenas até que o reservatório seque completamente. Depois disso, o produto deve ser descartado.
Embora seja fisicamente possível recarregar um pod descartável — mesmo sem uma porta USB — isso exige forçar a abertura do dispositivo. Isso é extremamente perigoso, pois esses produtos não foram projetados para serem reutilizados, o que pode resultar em acidentes, curto-circuitos e até explosões.
Compreendo que muitas pessoas tentam recarregar pods descartáveis, especialmente no Brasil, onde a falta de regulamentação obriga os consumidores a recorrer ao mercado ilegal, enfrentando preços abusivos e produtos de qualidade duvidosa. No entanto, não vale a pena arriscar sua segurança apenas para economizar dinheiro. O barato pode sair caro.
Recarregue apenas pods tradicionais ou não descartáveis
Os “pods tradicionais” ou “pods recarregáveis” são vapes que utilizam cartuchos descartáveis ou refis, com um reservatório para o líquido. O dispositivo eletrônico em si é recarregável com energia e pode ser usado indefinidamente até o fim de sua vida útil, como qualquer outro produto eletrônico.
Já os cartuchos podem durar semanas e você pode recarregar com líquido por um número limitado de vezes, dependendo do produto utilizado e dos hábitos de consumo. Normalmente, os consumidores percebem alterações no sabor quando o cartucho está se desgastando, indicando a hora de trocá-lo.
Como recarregar pods com energia
Sejam “pods recarregáveis” ou “pods descartáveis” com opção de carregamento, as mesmas regras de segurança dos “mods” se aplicam.
Primeiro vamos entender que aquela caixinha que você coloca na tomada para carregar o seu celular não é um “carregador” e sim apenas um “regulador de tensão”. Essa caixinha que você usa para carregar o seu celular apenas transforma 110V ou 220V da tomada em outra coisa, normalmente 5V, 9V ou 12V.
O mais importante é saber que os vapes só trabalham com no máximo 5V e mais do que isso pode queimar seu aparelho!
Muitos carregadores de celular chamados “turbo” oferecem 5V, 9V e até 12V ao mesmo tempo. Esses não podem ser utilizados, pois é possível que eles enviem mais do que 5V.
Outra característica das caixinhas carregadoras é o valor de amperes, que são normalmente de 0,5 até 2 amperes. Aqui a questão de segurança fica apenas em não sobrecarregar a caixinha. O vape vai normalmente “puxar” em média 1A e se o carregador for muito fraco, poderá esquentar. Recomendo o uso de um carregador de no máximo 5V e preferencialmente 2A ou mais, assim o carregador não vai esquentar e nem arriscar queimar.
Posso carregar pela USB da TV ou do computador?
Sim, mas com cautela.
A vantagem é que as portas USB da TV ou do computador operam sempre a 5V, reduzindo o risco de sobrecarga. No entanto, a qualidade dos componentes desses aparelhos também é um fator importante. Computadores mais modernos e potentes geralmente dão conta do recado, mas TVs e computadores antigos podem apresentar riscos.
Não esqueça seu pod carregando por muito tempo
Essa regra vale para qualquer dispositivo eletrônico. Equipamentos falham, descargas elétricas acontecem e fios podem se desgastar. Para evitar acidentes, monitore o carregamento e retire o aparelho da tomada assim que a carga estiver completa.
“Eu recarrego meu pod descartável e nunca tive problemas”
Muitas pessoas dizem que recarregam pods descartáveis e nunca tiveram problemas, mas isso não é uma garantia de segurança. Acidentes acontecem, inclusive já tivemos casos na mídia brasileira, comprovando que essa prática é arriscada.
Além disso, como todos os produtos vendidos no país são ilegais e sem controle sanitário, não há garantia de qualidade ou segurança dos componentes.
O problema dos descartáveis no meio ambiente
Os pods descartáveis representam um desafio ambiental, não pelo produto em si, mas pelo descarte inadequado. Como contêm material eletrônico e baterias, podem prejudicar o meio ambiente se descartados de forma incorreta.
Recentemente, a Inglaterra, que historicamente apoia os cigarros eletrônicos, decidiu banir os pods descartáveis, mantendo apenas os dispositivos recarregáveis. Outros países também discutem essa proibição, mas considero isso um erro.
Os pods descartáveis são uma excelente opção para fumantes que buscam reduzir danos. Seu funcionamento é simples e semelhante ao cigarro tradicional, tornando a transição mais fácil.
Proibi-los por causa do descarte inadequado não resolve o problema. Pelo contrário, apenas empurra a venda desses produtos para o mercado ilegal, eliminando qualquer possibilidade de controle e segurança para os consumidores.
Conclusão
Carregar corretamente seu vape é essencial para garantir segurança e durabilidade. No caso dos pods descartáveis, é importante respeitar suas limitações e descartá-los apropriadamente. O problema não está no produto, mas na falta de regulamentação, que impede um mercado controlado e seguro para os consumidores brasileiros.